Abandono do Observatório Astronômico da Paraíba é Matéria no Jornal Contraponto

Matéria Jornal Contraponto

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PONTO DE OBSERVAÇÃO DAS ESTRELAS ABANDONADO

“Ora direis ouvir estrelas”

João Pessoa já abrigou um dos maiores observatórios astronômicos da região Nordeste, hoje em dia em completo estado de abandono.

Como nos versos do poeta parnasiano Olavo Bilac, teve um tempo em que a Paraíba também ouvia estrelas. E se orgulhava disso. Afinal, João Pessoa já ostentou um dos maiores observatórios astronômicos da região Nordeste. A cúpula que abrigava um telescópio de 200mm x 1800mm de distância focal ainda está lá no mesmo lugar onde foi construída e mesmo abandonada há 40 anos ainda pode ser vista em meio aos prédios no entorno da Praça 1817, bem no centro da cidade. Para se ter urna ideia, as lentes do equipamento foram encomendadas a Valentim Bardus, responsável pelas lentes dos mais importantes telescópios em operação no Brasil, na época. O Observatório Astronômico da Paraíba deixou de vasculhar os céus da Capital em 1975. Houve uma tentativa de reabertura frustrada em 1991. quando foi restaurado, mas não resistiu e foi fechado novamente depois que vândalos invadiram o local e destruíram tudo que encontram pela frente. Estima-se, atualmente, que a recuperação do prédio e da cúpula exigiria um investimento mínimo da ordem de R$ 100 mil, mas até o momento não apareceu ninguém interessado na empreitada. Até antes de encerrar as atividades, o OAPB “desenvolvia projetos de observação lunar e planetária, eclipses, de observação de cometas, além de laboratório fotográfico para revelar fotos celestes, minicursos e um intenso programa de divulgação das suas atividades no Brasil e no exterior, relembra Marcos Jerônimo, um dos três professores de astronomia do Núcleo de Ensino e Pesquisa e Astronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (NEPA). Entre 1971 e 1973, o Observatório Astronômico da Paraíba era um sucesso, atraindo a atenção da mídia local, nacional e internacional. Era um tempo de grande reconhecimento tanto do Observatório quanto da Associação Paraibana de Astronomia, que surgiu junto com o observatório, responsável pelo primeiro Curso Brasileiro de Astronomia pelo Rádio, Curso de Astronomia Teórica e Instrumental, o primeiro Curso Infantil de Astronomia e Astronáutica, assim como palestras e conferências em colégios e corporações. Jerônimo acompanhou e participou das atividades do Observatório de Astronomia de 1971 até seu fechamento definitivo, em 1975. Há sete anos está à disposição da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, onde administra o laboratório de Astronomia e coordena as sessões de observação dos astros que são realizadas por lá todos os domingos, a partir das 18h. “No Brasil, é mais fácil fazer Arte do que Ciência. Aqui, o ensino precisa de uma reforma profunda capaz de adotar a Astronomia com matéria obrigatória nas escolas”, declara o professor Marcos Jerônimo. Construído em 1957 pela Fundação Padre Ibiapina, o observatório funcionava na sede da instituição, localizada na rua 13 de Maio. Segundo Francisco Nobre, coordenador do NEPA, o OAPB era mantido pelos intercâmbios e convênios assinados com o Governo do Estado. Na transição dos governos Ernani Sátiro (1971-1975) e Ivan Bichara (1975-1978) esses convênios e Intercâmbios foram cancelados. “A não renovação dos contratos desfez a parceria Fundação Padre Ibiapina, Secretaria de Educação e a Associação Paraibana de Astronomia. Não tinha mais como manter o Observatório, explica Francisco Nobre.

Da construção ao abandono

O Observatório Astronômico da Paraíba foi construído em 1967 pela Fundação Padre Ibiapina. Tudo começou quando o professor Afonso Pereira, conhecido educador paraibano, convidou o astrônomo cearense e também professor Rubens de Azevedo para dirigir e implantar o empreendimento no estado. Azevedo não só foi o responsável pelo desenho da planta do observatório, como também pela elaboração de um mapa lunar brasileiro com 80 centímetros, que atualmente se encontra em exposição no Museu Nacional da Astronomia (RJ).
Atualmente, o estudo da astronomia é exercitado no Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia (NEPA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. “O núcleo foi criado no ano internacional da astronomia (2009), mas só foi oficializado em 2011. O nosso objetivo é ensinar, pesquisar, oferecendo ainda atividades tanto para o público quanto para professores e alunos”, descreve o professor Francisco Nobre, a frente de uma equipe formada por três professores e conta com o auxílio de astrônomos amadores.

Fonte: Jornal Contraponto

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