C/2014 Q2 Lovejoy, O Cometa do Natal

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Cometa C/2014 Q2 Lovejoy

Cometa C/2014 Q2 Lovejoy (o recorte à esquerda mostra a mesma imagem com contraste elevado para destacar a cauda do cometa)

Muito tem se falado ultimamente sobre o Cometa C/2014 Q2 Lovejoy. Nos últimos dias de 2014 e nos primeiros de 2015, esse cometa tem sido registrado e observado por astrônomos de todo o hemisfério sul. Mas porque ele tem chamado tanto a atenção?

A principal razão para essa badalação é que o Cometa C/2014 Q2 Lovejoy vem se mostrando muito mais luminoso do que se esperava. No entanto, quando pensamos em cometas, nos vem a mente aquela imagem de um cometa extremamente luminoso com sua calda rasgando o céu noturno. Mas na verdade, grande parte dos cometas não é sequer visível a olho nu. Por esse motivo, são também difíceis de serem descobertos.  Este cometa foi descoberto há apenas 5 meses, pelo astrônomo Terry Lovejoy em 17 de agosto de 2014 e foi confirmado, cerca de 12 horas depois, pelo brasileiro Cristóvão Jacques (SONEAR, Oliveira/MG).

Pelas previsões iniciais, o cometa nem seria visível a olho nu, mas na última semana de outubro ele já apresentava brilho uma magnitude maior que o esperado e já na primeira quinzena de novembro de 2014 o brilho total excedeu cerca de 2 magnitudes em relação aos valores previstos inicialmente. Por isso, mesmo ainda distante do seu periélio em 30 de janeiro de 2015, ele já está visível a olho nu em locais com pouca poluição luminosa.

Se você se interessou e quiser observar o cometa Lovejoy, você não precisa de grandes instrumentos. É possível observá-lo facilmente com o uso de binóculos. Atualmente (12/01/2015) ele se encontra na constelação de Touro, entre as estrelas Hamal (a mais brilhante de Aires) e Rigel, de Órion. Neste informativo, o astrônomo Alexandre Amorim do NEOA JBS – Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brazilício de Souza (Florianópolis), orienta como encontrar o cometa no céu a partir das estrelas mais luminosas.

Outra forma de observar o cometa é através da astrofotografia. A imagem acima, é um exemplo disso. Foi capturada pelo sócio da APA, Marcelo Zurita, de João Pessoa, utilizando uma câmera DSLR com uma lente de 200mm em uma montagem equatorial motorizada. Mas, mesmo sem grandes equipamentos, é possível registrar o cometa utilizando uma câmera DSLR ou compacta que permita o controle manual de exposição. Basta apontar para a região do céu onde o cometa se encontra, com o maior zoom possível, com o foco no infinito e definir uma a maior abertura do diafragma possível*, ISO alta (1600, por exemplo) e um tempo de exposição que não provoque arrasto (quando as estrelas deixam um rastro, parecendo linhas invés de pontos). Esse tempo de exposição varia em função da distância focal da lente (ou zoom). Para uma lente de 135mm, por exemplo, o maior tempo de exposição é em torno de 4 segundos. já para lentes de 50mm, 10 segundos. O cometa deve aparecer na imagem como um pontinho esverdeado. É fácil de distinguir porque não existem estrelas verdes e dependendo do zoom, será possível ver uma manchinha em torno desse ponto que é justamente a coma do cometa.

Esperamos que esse cometa continue a nos surpreender positivamente e nos proporcione um excelente espetáculo de início de ano!


* A abertura do diafragma é medida pela razão inversa do foco. Por exemplo: a abertura f/4 significa que a abertura é 1/4 do foco. Mas na maioria das câmeras, essa informação é apresentada apenas como  F4, o que significa que quanto menor o número depois do F, maior será a abertura do diafragma.

 

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